💞 Dia dos namorados - no Labirinto do Amor, um Chamado ao "Si-Mesmo"
- agdagalvaopsic
- 12 de jun.
- 3 min de leitura
Mais do que flores e declarações, o Dia dos Namorados pode ser compreendido como uma data arquetípica — um momento simbólico em que o amor, em suas várias formas, é celebrado.
Mas o que é o amor? O que acontece em nós quando nos apaixonamos? E por que os relacionamentos são tão desafiadores, mesmo quando há afeto genuíno?
O amor romântico pode ser considerado um dos mais potentes processos iniciáticos da alma. Ele desperta forças arquetípicas, ativa conteúdos inconscientes e nos coloca diante de algo que vai muito além do desejo pessoal: o encontro com a alteridade psíquica.
Jung compreendia o amor como uma experiência profundamente marcada pela projeção psíquica. No início de uma relação, tendemos a enxergar no outro qualidades que, na verdade, pertencem a nós mesmos — mas que ainda não reconhecemos ou não integramos à nossa consciência. Por isso, muitas vezes nos apaixonamos por quem nos fascina, nos encanta, ou nos assusta.
É o arquétipo da anima (imagem do feminino na psique do homem) ou do animus (imagem do masculino na psique da mulher) que se manifesta através da projeção.
Amamos o outro não pelo que ele é em si, mas pelo que ele evoca em nosso mundo interno.
A paixão, nesse sentido, é um encontro com o inconsciente personificado. Por isso ela é tão arrebatadora, tão misteriosa — e tão frágil.
A queda da projeção: da idealização à individuação
Com o tempo, a imagem idealizada do outro começa a se desfazer. A convivência revela imperfeições, diferenças, limites. É aqui que muitos relacionamentos se encerram, mas, esse momento é sagrado: é a queda do véu arquetípico.
"A projeção causa a miragem do amor, mas essa miragem desaparece quando a projeção é retirada” by, Jung, C.G. Aion: Estudos sobre o simbolismo do si-mesmo“
Podemos dizer que para Jung, o verdadeiro amor começa quando essa projeção se dissolve e vemos o outro como ele realmente é.
Deixar de amar o outro idealizado é a porta de entrada para amar o outro real — e também para conhecer melhor a si mesmo.
A relação que sobrevive à queda da projeção se transforma em um vaso alquímico onde o ego e o inconsciente dialogam. Isso significa que o relacionamento passa a servir à individuação, ou seja, ao processo de tornar-se quem se é verdadeiramente, em direção ao Self. O amor verdadeiro começa onde termina a ilusão.
Relacionamento como encontro entre sombras
Amar é também entrar em contato com a sombra — tanto a própria quanto a do outro. As tensões, os ciúmes, os ressentimentos e os conflitos que emergem nos relacionamentos não são falhas, mas convites para olhar o que foi reprimido ou negado.
O outro, com sua diferença, sua linguagem afetiva, sua história e seus limites, nos confronta com aspectos de nós que ainda não conhecemos. Por isso, amar exige coragem: não apenas para acolher o outro, mas para suportar o desconforto de crescer.
Amor como caminho arquetípico
Do ponto de vista simbólico, o amor pertence ao domínio da sizígia — o par de opostos que busca integração: anima e animus, masculino e feminino, razão e sentimento, espírito e matéria.
Relacionar-se é percorrer esse campo de polaridades. É transitar entre o desejo de fusão e a necessidade de individuação. É o desafio de manter a ponte entre dois mundos psíquicos sem cair na simbiose nem no isolamento.
Quando um casal se sustenta nesse caminho, ele constrói uma relação que não apenas serve ao ego, mas colabora com a totalidade psíquica de ambos.
🌹 Neste Dia dos Namorados...
Não se trata apenas de celebrar o romantismo, mas de honrar o caminho do amor como via de transformação psíquica.
Que possamos amar com consciência. Que tenhamos coragem de retirar as projeções e ver o outro com olhos inteiros. Que o encontro amoroso seja também um encontro com o Si-Mesmo, com o mistério que habita a
alma.
Porque amar — de verdade — é um processo profundo de autoconhecimento.
✨ Que o amor não seja ilusão; que seja revelação!
by Agda Galvão
Psicoterapeuta Junguiana





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