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Estresse: Um Chamado do Inconsciente em Meio à Agitação da Vida Moderna

  • agdagalvaopsic
  • 30 de jul.
  • 3 min de leitura

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O estresse virou quase um cartão de visita da vida moderna; ele tornou-se, indiscutivelmente, uma das características mais marcantes da atualidade.


Quem nunca chegou ao fim de um dia, sentindo o corpo tenso, a mente acelerada e soltou aquela frase familiar: “Estou estressada!”


Porém, mais do que uma queixa comum, o estresse é uma resposta complexa do nosso corpo e mente a demandas, pressões e ameaças – reais ou percebidas. Entender essa resposta é o primeiro passo para gerenciá-la e evitar que ela se torne um fardo para sua saúde.


De fato, o estresse é hoje uma experiência tão comum que quase a consideramos parte natural da rotina. Contudo, compreender profundamente essa reação do corpo e da psique é fundamental para que o estresse não se torne um inimigo da saúde e do bem-estar.


O Estresse sob a Lente da Psicologia Analítica

O estresse não é apenas uma reação física ou emocional frente a desafios cotidianos. Ele representa também um importante sinal enviado pelo nosso inconsciente, alertando que algo interno precisa de atenção urgente. É o nosso próprio "eu" mais profundo, gritando para sermos ouvidos, compreendidos e integrados.


Jung nos ensina que quando ignoramos continuamente nossas necessidades internas, reprimindo aspectos importantes da nossa personalidade (principalmente as funções psicológicas menos conscientes, chamadas de funções inferiores), o estresse surge como um mensageiro que revela esse desequilíbrio.

É como se a alma sussurrasse: “Pare, escute... algo está fora do lugar.”



O estresse crônico envia sinais que se manifestam claramente em diversos níveis:

  • No corpo físico: dores frequentes, tensões musculares (especialmente nos ombros e no pescoço), problemas digestivos persistentes, insônia ou sono superficial e perturbado.

  • Na esfera emocional: ansiedade constante, irritabilidade, impaciência, sentimentos de tristeza, vazio ou desânimo, uma sensação avassaladora de sobrecarga emocional.

  • Comportamentalmente: aumento do isolamento social, procrastinação constante, tendência à explosão emocional, abuso de substâncias como álcool e cafeína ou mudanças drásticas nos hábitos alimentares.


Esses sintomas não são meramente incômodos: eles são sinais diretos da nossa psique indicando uma desconexão entre nossa vida consciente e nosso mundo inconsciente.


Jung propõe que cada pessoa tem funções psicológicas dominantes (como o pensamento, o sentimento, a sensação ou a intuição), mas também possui funções inferiores que são pouco conscientes e frequentemente negligenciadas.


Sob condições de estresse, essa função inferior é ativada intensamente, muitas vezes de maneira descontrolada ou exagerada, trazendo à tona comportamentos, emoções e pensamentos que não reconhecemos como nossos. É como se uma sombra interna assumisse temporariamente o controle.


Por exemplo, uma pessoa racional pode começar a agir emocionalmente de maneira inesperada e descontrolada sob estresse crônico, indicando que sua função sentimento — geralmente reprimida — está clamando por atenção e integração.


Além disso, nosso comportamento sob estresse pode ser influenciado por alguns arquétipos – padrões universais presentes no inconsciente coletivo.


Como Gerenciar e Transformar o Estresse em Autoconhecimento

Gerenciar o estresse, portanto, vai além de simplesmente aplicar técnicas rápidas de alívio. É um processo profundo que implica no autoconhecimento e na integração das nossas partes internas negligenciadas. Aqui estão passos importantes segundo a visão junguiana:

  1. Identifique claramente seus gatilhos: Observe atentamente as situações específicas que desencadeiam seu estresse. Pergunte-se quais necessidades internas essas situações podem estar revelando.

  2. Aproxime-se da sua função inferior: com o apoio de um terapeuta, identifique qual das funções psicológicas — pensamento, sentimento, sensação ou intuição — você costuma negligenciar, e explore formas conscientes de desenvolvê-la, promovendo maior equilíbrio à sua personalidade.

  3. Explore o conteúdo simbólico dos sonhos: seus sonhos são a voz direta do inconsciente tentando se comunicar. Anotar e deixar que um psicoterapeuta analise seus sonhos traz insights valiosos sobre os aspectos reprimidos da sua psique que precisam ser integrados.

  4. Invista em técnicas de relaxamento e mindfulness: A meditação, a respiração consciente e as práticas contemplativas ajudam a diminuir o ruído externo, permitindo uma conexão mais profunda com sua psique.

  5. Sombra: através da psicoterapia busque integrar seus lados luz e sombra para viver de forma mais equilibrada.

  6. Análise dos sonhos: uma verdadeira escuta do que sua alma está clamando.


A Jornada da Individuação

Jung descreve o caminho da individuação como o processo pelo qual nos tornamos seres humanos mais completos e autênticos.


Cada crise gerada pelo estresse é uma oportunidade valiosa de crescimento e transformação. Ao percebermos o estresse não como um inimigo, mas como um convite ao diálogo interno, já estamos caminhando conscientemente na jornada rumo à individuação.


Dessa forma, podemos transformar o estresse, que pode configurar uma ameaça constante, em uma grande oportunidade de autoconhecimento profundo e amadurecimento pessoal.

O estresse pode ser recebido como um mestre interno que veio ensinar algo precioso sobre você mesma, ajudando-a a viver com mais consciência, equilíbrio e plenitude.

 

Se este texto tocou seu coração, compartilhe com alguém que também pode estar precisando ouvir esse sussurro da alma. Que possamos seguir juntas nessa jornada de reconexão com o que há de mais verdadeiro em nós.


Agda Galvão


Psicoterapeuta Junguiana

 
 
 

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