Quando o corpo cala, os sonhos gritam: o trauma está escondido no inconsciente
- agdagalvaopsic
- 2 de out.
- 4 min de leitura

Você já se sentiu angustiada sem motivo aparente?
Já teve sonhos intensos que pareciam reais demais, e que te deixaram abalada mesmo após acordar?
Já sentiu que há algo em você pedindo por escuta — mesmo que você não consiga nomear o quê?
Muitas vezes, o trauma não fala com palavras.
Ele se esconde no silêncio.
No corpo que adoece.
No sono que não vem.
Nos relacionamentos que se repetem.
Ou nos sonhos que parecem estranhamente simbólicos — quase como se tivessem uma alma própria.
Mas o que é o trauma, segundo Jung e Kalsched? Na psicologia junguiana, o trauma não é apenas um evento ruim. Ele é uma ruptura psíquica, uma ferida na alma que nos impede de seguir o fluxo natural da vida interior.
Segundo Donald Kalsched, autor de O Mundo Interior do Trauma, experiências traumáticas profundas — especialmente as vividas na infância — causam uma espécie de "colapso" no sistema de desenvolvimento da psique. Para sobreviver, o inconsciente cria defesas arquetípicas. Elas funcionam como guardiãs do espírito pessoal — aquela parte mais autêntica e sensível de nós.
Mas esse sistema de proteção tem um custo: ele nos fragmenta. Ele esconde a dor, mas também esconde nossa essência.
E é justamente por isso que os sonhos se tornam tão importantes: eles são a linguagem que o inconsciente usa para nos lembrar daquilo que foi esquecido — ou reprimido demais para ser suportado.
Você já sonhou com uma casa abandonada?
Com uma criança sozinha?
Com animais ameaçadores?
Com portas que não se abrem, ou escadas que não terminam?
Com alguém correndo atrás de você de um modo ameaçador?
Esses símbolos não são aleatórios. Eles são expressões vívidas de conteúdos inconscientes que buscam integração.
Na visão junguiana, os sonhos são produções naturais do inconsciente, que expressam, através de imagens, aquilo que está sendo vivido, mas não pode ainda ser compreendido racionalmente.
Quando há trauma, a alma recua. Ela se esconde nas profundezas psíquicas, mas tenta voltar — sutilmente — por meio das imagens simbólicas. Essas imagens podem parecer assustadoras, estranhas ou desconexas. Mas, se as escutamos com atenção e reverência, elas se transformam em guias do processo de melhoria de nossa saúde mental.
Kalsched nos fala de um “sistema de autocuidado” que nasce dentro da psique traumatizada. Ele funciona como um guardião, que pode ser um anjo protetor ou um daimon; mas por que isso acontece?
Porque essa parte arquetípica tenta, a todo custo, proteger o nosso verdadeiro "Eu" ferido de novos traumas. Mas, para isso, ela também impede o contato com emoções profundas — inclusive o amor, a confiança e o prazer de viver.
Já se pegou sabotando a própria felicidade? Já se sentiu distante de si mesma, mesmo quando tudo parecia estar bem? Já teve medo de sentir demais, amar demais ou se entregar?
Talvez não seja fraqueza…Talvez seja o trauma que, lá do inconsciente, ainda tenta te proteger — mesmo que da maneira errada.
Entretanto, o trauma não precisa ser um ponto final. Ele pode ser um início — um portal para o autoconhecimento profundo.
Na análise dos sonhos, começamos a reconstruir essa ponte com o inconsciente. Aprendemos a olhar para as imagens internas não com medo, mas com respeito. Não com julgamento, mas com escuta.
E é aí que o verdadeiro processo de transformação acontece: Quando a alma, que antes estava dividida entre defesa e dor, começa a se reunir. Quando a consciência aprende a dialogar com os símbolos. Quando o sonho deixa de ser um mistério perturbador e se torna um convite à transformação.
Reflexões para quem sente que carrega traumas silenciosos:
• O que os sonhos têm tentado me mostrar repetidamente?
• Há uma parte de mim que parece congelada no tempo, como se algo nunca tivesse sido vivido?
• Que sentimentos eu evito a todo custo — mesmo inconscientemente?
• Quando me sinto amada, livre ou em paz… isso me assusta ou me conforta? Fico ansiosa ou depressiva?
• Quais símbolos, imagens ou padrões emocionais continuam se repetindo em minha vida?
De outra parte, a análise dos sonhos não é um processo mágico, e desejar ter seus sonhos analisados é um ato de coragem.
Coragem para ver o que foi escondido.
Coragem para sentir o que foi anestesiado.
Coragem para amar o que foi rejeitado.
Mas, acima de tudo, é um caminho de reencontro consigo mesma. Com sua essência. Com sua inteireza. Com o que Jung chamava de processo de individuação — o movimento em direção a se tornar quem se é, verdadeiramente.
Se você sente que seus sonhos estão chamando...Talvez seja hora de escutá-los. Talvez a sua alma esteja pedindo por um espaço seguro onde ela possa falar — sem censura, sem pressa, com profundidade.
Na análise dos sonhos, descobrimos que até mesmo a dor tem sabedoria. Que até o trauma carrega um impulso transformador. Que não estamos sós! Que existe uma saída!
Eu posso te ajudar a escutar essa linguagem simbólica e amorosa. Juntas, podemos transformar os sonhos em mapas para a sua jornada interior.
Quer começar esse caminho?
Agende uma sessão de análise simbólica de sonhos.
Descubra o que o seu inconsciente deseja revelar.
Permita-se iniciar um processo de escuta e de transformação profunda — com alma, com respeito e com verdade.
Agueda Galvão
Psicoterapeuta Junguiana



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