top of page
Buscar

Sonhos: O despertar para o Si-Mesmo (o Self)

  • agdagalvaopsic
  • 3 de jul.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 3 de jul.


ree

Primeiramente, devemos falar sobre o “Si-Mesmo” (ou Self): o Si-Mesmo é o centro e a totalidade da psique, a instância que reúne consciente e inconsciente numa unidade maior.


Na tradição junguiana, os sonhos são a expressão mais autêntica da vida psíquica inconsciente.


Ao contrário de outras abordagens psicológicas que consideram o sonho como um material a ser reduzido a desejos reprimidos (como propunha Freud) ou a resíduos diurnos, Jung via o sonho como um fenômeno natural da psique, dotado de inteligência própria e de propósito simbólico.


Em Memórias, Sonhos, Reflexões, Jung afirma: “Os sonhos são pequenas portas escondidas nos recantos mais íntimos e secretos da alma”. Por meio deles, a psique cria um drama noturno, uma narrativa que compensa, corrige ou amplia nossa consciência limitada.

 

Jung identificou quatro funções principais dos sonhos:

  1. Função Compensatória:

    O sonho corrige unilateralidades do ego. Por exemplo, uma pessoa excessivamente racional pode sonhar com uma situação dominada por emoções caóticas. Isso não significa que deva viver no caos, mas que sua psique deseja integrar essa polaridade.


  2. Função Prospectiva:

    Alguns sonhos apontam possibilidades futuras ou amadurecimentos em gestação na alma. Jung chamava isso de “prefiguração”. Não são previsões literais, mas indicativos simbólicos do que pode vir a ser.


  3. Função Redutora:

    Quando o ego está inflado, tomado por uma ideia grandiosa sobre si mesmo, o sonho pode reduzir essa inflação, trazendo imagens de limitação, queda ou fracasso. O inconsciente zela pelo equilíbrio psíquico.


  4. Função Causal ou Retrospectiva:

    Certos sonhos trazem à tona experiências passadas que ficaram dissociadas. A psique quer ligar o que foi esquecido à consciência.


Por isso, sonhar é ser confrontado com algo que é, ao mesmo tempo, profundamente pessoal e arquetípico.

 

Jung mostrava que os sonhos contêm imagens que têm ressonância histórica, cultural e mitológica. O sonho pode nos falar em metáforas universais: mandalas, serpentes, crianças, rios, casas em ruínas ou montanhas sagradas — símbolos que carregam sentidos além da vida pessoal.


Jung não limitava a compreensão dos sonhos à interpretação intelectual. Além disso, ele desenvolveu também o método da imaginação ativa: em vigília, entrar novamente na imagem onírica, dialogar com suas figuras, deixá-las se desenvolver. Essa prática permite que a energia psíquica contida no símbolo seja assimilada criativamente pela consciência.


Para Jung, o maior valor dos sonhos está em orientar a jornada do Si-Mesmo, do Self:  o núcleo da totalidade psíquica.


A vida inteira é um caminho de reconciliação entre consciência e inconsciente, entre persona (a máscara) e sombra, entre ego e Self.


Sonhar é receber pistas sobre onde estamos e aonde somos chamados a ir.

Em seus últimos anos, Jung escreveu no Livro Vermelho que “quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta”. Essa frase indica, entre outras coisas, que os sonhos são como convites: olhar para dentro é aceitar o chamado ao despertar interior.

 

Na psicoterapia junguiana, trabalhar com sonhos é um dos pilares do processo analítico.


O terapeuta não impõe interpretações, mas colabora com o paciente para descobrir como o sonho se conecta à sua história de vida e aos seus desafios existenciais.


Ao longo do tempo, esse trabalho repetido cria um diálogo constante entre consciência e inconsciente. O sonho se torna um orientador interno que ajuda o paciente a encontrar um sentido mais profundo para sua experiência.


Os sonhos são um testemunho de que a psique é viva e autônoma. Ao escutá-los, cultivamos uma relação mais íntima com a nossa alma e nos aproximamos da plenitude que Jung chamava de individuação.

 

Para ele, a interpretação de sonhos não era uma teoria abstrata, mas uma prática viva no consultório.


Ele descreveu diversos casos em que os sonhos tiveram papel decisivo na transformação psíquica. Aqui vão alguns exemplos ilustrativos:


  • O Sonho da Mandala: Símbolo da Totalidade - Jung atendeu um paciente com forte racionalismo e sentimento de vazio interior. Durante a terapia, esse homem sonhou que pintava um grande círculo dividido em quatro partes, com cores diferentes em cada quadrante. Jung imediatamente reconheceu esse motivo como uma mandala, símbolo arquetípico de totalidade e ordem interior.


    A mandala surgia como compensação ao estado de fragmentação psíquica e sinalizava que o Self — o centro da psique — começava a emergir na consciência. Ao trabalhar esse sonho, o paciente foi gradualmente desenvolvendo uma experiência mais integrada de si mesmo.

 

  • O Sonho da Mulher Desconhecida - Outro caso célebre envolveu um homem que sonhava repetidamente com uma mulher misteriosa que aparecia como guia e conselheira. Jung explicou que se tratava de uma manifestação da anima, o arquétipo do feminino na psique masculina.


    No sonho, a mulher dizia frases enigmáticas e indicava caminhos. Jung orientou o paciente a registrar tudo cuidadosamente e, durante a imaginação ativa, convidar essa figura para dialogar, perguntando: — Quem é você? — O que quer de mim?


    A partir desse diálogo interno, o homem começou a reconhecer aspectos emocionais e criativos reprimidos, integrando dimensões antes rejeitadas de sua personalidade.

 

  • O Sonho do Motivo de Queda

    Em outro exemplo clínico, Jung relata uma paciente que sonhava estar caindo de uma grande altura. Esse motivo simbólico apareceu várias vezes e correspondia a um movimento de redução da inflação do ego.


    A paciente tinha convicções muito rígidas sobre sua superioridade intelectual e moral. O sonho mostrava a necessidade de “descer à realidade”, reconhecendo suas fraquezas humanas. A repetição da queda não era uma ameaça, mas um convite a adotar uma atitude mais humilde e autêntica diante da vida.

 

Esses exemplos mostram como a interpretação junguiana de sonhos é uma jornada de autodescoberta, na qual cada imagem contém sementes de transformação.


✨ Para começar sua jornada interior:

Enfim, se você quer despertar para o Si-Mesmo, seus sonhos podem ser o ponto de partida.

Aproximar-se dos próprios sonhos é abrir um canal direto com a alma.


Isso pode expandir a consciência sobre quem você verdadeiramente é e favorecer a integração psíquica, contribuindo também para lidar com ansiedade, depressão e outros sofrimentos emocionais.


Estou à disposição para ajudar você, escutar e interpretar seus sonhos com respeito e profundidade. Anote-os logo ao acordar, com todos os detalhes, e sinta-se à vontade para agendar um encontro comigo.


Juntas, podemos explorar o que sua alma deseja comunicar e auxiliá-la a encontrar caminhos para superar seus sofrimentos emocionais e viver com mais autenticidade.


Agda Galvão

Psicoterapeuta Junguiana

 
 
 

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
Escritório Dra. Agda..png

Contate-me

Clique no ícone do Whatsapp e fale comigo!

Agda Galvão

​Rua Tavares, 83
Macedo - Guarulhos - SP

Tel: (11) 9 9994-6677

Copyright © 2025 | ​Psicoterapia Junguiana por Agda Galvão.

bottom of page