top of page
Buscar

✨ O ARQUÉTIPO DA GRANDE MÃE E O DIA DAS MÃES – UMA REFLEXÃO JUNGUIANA

  • agdagalvaopsic
  • 11 de mai.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 12 de jun.



O Dia das Mães, para além de sua função social e afetiva, é um momento propício para mergulharmos nas profundezas da psique humana e reconhecermos os aspectos simbólicos e arquetípicos que envolvem o materno.


A Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung oferece uma chave de compreensão singular: a mãe não é apenas uma figura pessoal, mas também um arquétipo universal, presente no inconsciente coletivo da humanidade.


O Arquétipo da Grande Mãe - A "Grande Mãe", como Jung a denominou, é uma imagem primordial que transcende a história individual e cultural.


Representa, ao mesmo tempo, o ventre cósmico da criação e os ciclos de nascimento, nutrição, destruição e renascimento.


Está presente em todas as mitologias sob a forma de deusas como Deméter, Ísis, Kali, Pachamama e tantas outras expressões simbólicas do feminino profundo.


Na estrutura arquetípica, a Grande Mãe manifesta duas faces complementares: a mãe boa e a mãe terrível. Ela é o útero que acolhe e nutre, mas também pode ser o abismo que consome. Esse duplo aspecto é inevitável, pois simboliza os opostos necessários à totalidade psíquica: vida e morte, luz e sombra, proteção e sufocamento, doação e controle.


A Mãe como Imagem Interior - a imagem da mãe real — aquela que nos gerou, criou ou mesmo a ausência dela — é apenas um reflexo ou manifestação parcial do arquétipo da mãe.


A vivência com a mãe biográfica molda profundamente o ego infantil e estabelece os alicerces da relação com o mundo, com o corpo, com os afetos e com a alma. No entanto, mais importante que a figura externa é a imagem interna da mãe, que se forma a partir das experiências psíquicas e simbólicas da infância.


Essa imagem atua na vida adulta de maneira inconsciente, influenciando nossos vínculos, nossas escolhas, a forma como cuidamos de nós mesmos e como nos deixamos cuidar.

 

Muitas vezes, carregamos dentro de nós fragmentos dessa mãe interior, que ora nos acolhe, ora nos critica, ora nos fortalece, ora nos paralisa. Integrar essa imagem é um dos trabalhos mais profundos no processo de individuação.


O Materno no Caminho da Individuação - Individuar-se, na perspectiva Junguiana, é tornar-se quem se é em essência — é realizar a totalidade do Self, do Si mesmo.


Nesse caminho, o materno precisa ser revisto, ressignificado e reintegrado. Não se trata de julgar a mãe real, mas de reconhecer os efeitos que sua presença (ou ausência) deixou em nossa alma, para que possamos fazer algo novo com isso.


Por vezes, encontramos na clínica as marcas de vivências marcantes, onde o materno foi vivido como ausência, negligência, excesso, ambivalência ou até mesmo como uma ameaça.


Essas experiências, quando não reconhecidas e simbolizadas, permanecem atuando como complexos, que se manifestam em padrões de dependência, medo de abandono, rejeição do feminino, dificuldades de entrega ou mesmo na recusa ao autocuidado.


No entanto, a reconexão simbólica com a Grande Mãe — através dos sonhos, da arte, da natureza, da espiritualidade e do trabalho terapêutico — permite uma reconfiguração da relação com o materno dentro de nós. Isso pode nos abrir à possibilidade de acolher a criança interior ferida, desenvolver a capacidade de cuidar de si com compaixão e reconhecer o valor da nutrição psíquica que vem do feminino profundo.


Celebrarmos o Materno como Força Viva - O Dia das Mães pode ser vivido como um rito simbólico: um momento de reconhecimento e reverência à força do materno em todas as suas formas — mães biológicas, mães adotivas, mães arquetípicas, mulheres que geram ideias, projetos e relações; homens que nutrem com presença e cuidado; pessoas que oferecem escuta, abrigo, silêncio e contenção.


Essa data nos convida a refletir:

  • Que relação tenho com a minha mãe interna?

  • De que modo nutro os outros — e a mim mesmo?

  • Como posso integrar a sabedoria do materno de forma consciente, simbólica e viva?

 

 

A Grande Mãe em Nós e no Mundo - Num tempo marcado por rupturas, por vínculos frágeis e por ritmos acelerados, o mundo clama pela revalorização do materno — não apenas como papel social, mas como princípio arquetípico da vida.


Precisamos resgatar o poder da escuta, da presença, da paciência, do vínculo e da proteção. Precisamos reaprender a cuidar — de nós, dos outros e do planeta.


A Mãe Terra, expressão maior da Grande Mãe, nos oferece diariamente esse exemplo: ela acolhe, transforma, sustenta, morre e renasce.


Ao honrar o materno em nossas vidas, resgatamos a conexão com o sagrado, com o simbólico e com a totalidade da alma.

 

Que este Dia das Mães seja um convite ao recolhimento interior, ao reconhecimento de tudo o que foi dado e de tudo que ainda pulsa para nascer em nós.


Que possamos, com reverência, agradecer às mulheres que nos deram o sopro da vida — e também à Grande Mãe, que nos habita, nos guia e nos nutre em silêncio.

 

 
 
 
Escritório Dra. Agda..png

Contate-me

Clique no ícone do Whatsapp e fale comigo!

Agda Galvão

​Rua Tavares, 83
Macedo - Guarulhos - SP

Tel: (11) 9 9994-6677

Copyright © 2025 | ​Psicoterapia Junguiana por Agda Galvão.

bottom of page